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A Bentley e a Rolls-Royce estão intrinsecamente ligadas. De facto, é possível argumentar que há muitos anos, as duas marcas produziram os mesmos carros com características ligeiramente ajustadas, apenas o suficiente para que os compradores pudessem reivindicar estar a fazer uma escolha informada sobre qual a marca adequada ao seu estilo de vida característico. Hoje em dia, este não é o caso, e não o era há muitos anos atrás.
© imagem cedida por: Rolls-Royce |
Ambas as marcas tiveram uma história, cheia de exemplos de fracassos, sucessos e ameaças cada vez mais predominantes de destruição financeira. Desde que aprendi a conduzir, e de facto tenho tido a oportunidade de conduzir estes veículos, a imagem que transparece para fora é incrivelmente otimista para ambos os fabricantes. Houve um enorme investimento em Crewe, o que transformou totalmente a marca e a própria cidade e a Rolls-Royce transferiu a sua sede para Goodwood, onde uma fábrica de tecnologia de ponta fabrica uma gama cada vez maior de carros sem competição à altura.
Mas quais são as origens destas duas grandes marcas? A Rolls-Royce foi fundada em 1906 por Charles Rolls e Henry Royce. Começaram a produzir automóveis em Derby, depois do conselho local lhes ter oferecido eletricidade barata, e começaram a produzir os primeiros automóveis de elevada qualidade. Começaram com um carro 10hp e optaram rapidamente por alternativas superiores. No entanto, as bases para o futuro da empresa tinham sido definidas. A Rolls-Royce concentrar-se-ia na produção de alguns dos carros mais luxuosos do mundo, mesmo que não fossem sempre os melhores segundo os condutores de testes da altura.
© imagem cedida por: Bentley |
A Bentley só foi fundada um pouco mais tarde por W.O. Bentley, que apresentou pela primeira vez um automóvel no Salão Automóvel de Londres, em outubro de 1919. Mais uma vez, a filosofia central da empresa era evidente desde o início. Em 1922 a Bentley inscreveu um carro nas 500 Milhas de Indianápolis, e em 1923 um carro foi inscrito nas 24 Horas de Le Mans, ainda que por um privado que terminou num louvável quarto lugar. A Bentley regressou um ano depois e obteve a primeira das cinco vitórias que viriam antes da empresa ser adquirida pela Rolls-Royce em 1931. A Bentley tinha estabelecido as suas credenciais desportivas, mas também tinha demonstrado as suas capacidades gran-turismo nas mãos de pilotos como Woolf Bernato e os Bentley Boys. Bernato tornou-se presidente da empresa em 1927, mantendo-a à tona até à entrada em cena da Rolls-Royce.
A Napier ameaçou comprar a Bentley e a Rolls-Royce estava preocupada que essa eventualidade ameaçasse o seu modelo principal, o Phantom II . Após a aquisição, a Rolls-Royce transferiu a produção da Bentley para Derby, ao lado da linha de montagem dos seus próprios modelos.
Depois da aquisição as duas marcas passaram a atuar em conjunto. Primeiro produziram veículos na fábrica de Derby e depois mudaram-se para Crewe, em 1946, onde havia uma fábrica de motores de tempo de guerra vaga. Durante este período, antes das duas empresas serem compradas pelos atuais proprietários, BMW e VW, a Rolls-Royce e a Bentley sofreram numerosos problemas financeiros, passando a produzir carros cada vez com mais plataformas e peças compartilhadas. Em 1998 as duas marcas eram indistinguíveis em muitos aspectos. O Rolls-Royce Silver Spur, produzido a partir de 1980 utilizou o mesmo chassis do Bentley Mulsanne e os dois automóveis partilham traços comuns de design. Em 1998 o Rolls-Royce Silver Seraph e o Bentley Arnage foram apresentados. Para além de visualmente muito semelhantes também compartilhavam um motor BMW V12, abandonando os veneráveis 6,75 litros V8 que vinham desde os finais dos anos 50.
A Vickers decidiu vender a Rolls-Royce e a Bentley em 1998. No entanto, o acordo acabou por ser mais complicado do que muitos poderiam ter imaginado. A BMW acabou com a operação da Rolls-Royce, enquanto que os Bentley passaram a ser produzidos pela VW. Em meados da década de 90 a Bentley estava com vendas superiores à Rolls-Royce num ratio de dois para um e também mantiveram a fábrica de Crewe, enquanto que a BMW optou por desenvolver uma fábrica amiga do ambiente totalmente nova em Goodwood, que, em parte devido ao Festival de Velocidade em casa de Lord March em Goodwood, se tornou sinónimo do automobilismo britânico.
As raízes que apresentei lançaram as bases para os dois concorrentes, os fabricantes de tradição inglesa e o seu desenvolvimento sob as ordens dos novos patrões alemães.
A VW apresentou o Continental GT em 2003, sob um aplauso entusiástico. Ficou claro que a VW tinha grandes planos para a empresa, e que a partir desse ponto se veria na Bentley uma mais marca desportiva. Houve também a partir daí um grande aumento na produção em Crewe. De facto, a produção cresceu de cerca de 1000 unidades para mais de 9000 em 2006, com a gama Continental a fornecer a maioria das vendas. O Continental GT também passou a ser mais acessível, com preços a partir de pouco mais de £ 110.000. O GT também era de condução muito agradável "devido às menores dimensões e ao peso inferior". Embora a velocidade máxima seja oficialmente de "apenas" 317km/h, testes recentes mostraram que o coupé de 558cv consegue alcançar os 322km/h. O GT foi inicialmente produzido na versão coupé, antes da introdução da versão sedan ( Flying Spur ) e de um descapotável ( GTC ).
Enquanto isso, a Rolls-Royce seguiu uma rota diferente. O Phantom foi introduzido em 2003, com uma recepção igualmente muito positiva. O Phantom ocupa o mundo rarefeito do "derradeiro" luxo e tornou-se um distintivo para líderes de negócios e celebridades. Mais uma vez, os primeiros carros eram sedans, com um coupé e um drophead coupé a serem acrescentados nos anos seguintes. O Phantom custava £ 250.000 e foi produzido em quantidades muito inferiores ao novo Bentley mais pequeno, atingindo um pico de vendas de 1.010 unidades em 2007. Em 2003 a Rolls-Royce tinha mais uma vez seguido o seu próprio rumo e diferenciado os seus produtos.
Claro, é fácil esquecer o Bentley Arnage, um carro do qual gosto muito, mas sem qualquer tipo de razões racionais. O carro continua a ser um anacronismo, em muitos aspectos, ostentando tecnologia do velho mundo e características de condução antiquadas, mas ainda assim mantendo o carácter que significava que iria continuar a ser vendido até à sua morte em 2009. Mais uma vez, foi produzido em três carroçarias diferentes, com o Azure e o Brooklands a chegarem mais tarde. A Bentley ia discutir consigo até que ficasse surdo como o Arnage competiu com o Phantom, mas era difícil de levar a sério.
O Rolls-Royce Ghost foi lançado em 2010 e representou uma descida de preço na Rolls-Royce. Este é talvez um carro que é mais fácil de usar e, com uma recessão em curso, é uma declaração menos ostensiva. O Ghost é também mais potente do que o Phantom, com 570cv de potência a serem transmitidos através de uma caixa de oito velocidades. No entanto, o modelo ainda manteve a filosofia basilar da Rolls-Royce: o Luxo.
Assim, em 2010, a Bentley apresentou o novo Mulsanne, um carro que a marca afirma competir com o Phantom, mas que na realidade se aproxima mais do modelo menor e mais potente da Rolls-Royce. Está equipado com o mesmo motor de 6,75 litros V8 twin-turbo que eu tanto adoro, mas agora com 512cv, abaixo dos 537cv do Brooklands, mas agora combinado com uma caixa de velocidades ZF ultra-suave de oito velocidades. É uma sensação de luxo, mas também um pouco travessa, e a maior parte deve-se ao motor. Pessoalmente, eu também acho que se conduz um pouco melhor do que um Phantom ou do que um Ghost, já que em ambos se sente um perceptível 'abanão' através do volante quando se passa em buracos maiores. Algo que me perturbava um pouco, mas um potencial efeito colateral das rodas de grandes dimensões.
O Mulsanne é um carro muito bom, e é algo que a Bentley precisa de forma manter a sua posição nos mais altos escalões da aristocracia dos carro de luxo. É uma declaração e uma muito positiva.
Um carro recente que não tem sido um sucesso tão absoluto é o novo Continental GT 2011. Novamente, o carro melhorou muito, com um sistema de interface muito mais sofisticado do que anteriormente. No entanto, é indistinguível do modelo anterior, mesmo para um observador experiente.
Estas foram as minhas primeiras impressões, e eu vou manter-me fiel a elas:
Não parece que tenha sido há muito tempo que a Bentley foi revigorada pela VW e que todos os jogadores de futebol e as suas esposas queriam os novos pequenos Bentleys estacionados em frente à sua mansão em Cheshire. No entanto, no final da primeira geração destes carros as vendas começaram a cair e apenas as novas edições mais potentes, como o Supersports, fizeram com que os clientes continuassem a entrar pela porta. O novo carro oferece maior potência e requinte e um interface que é muito bem-vindo para qualquer pessoa que tenha conduzido recentemente um Continental GT.
É certamente muito melhor e quem quiser usá-lo em negócios ficará encantado. O nosso veio com rodas de 21 polegadas e portanto a qualidade da condução seria sempre um problema e eu não consegui encontrar uma configuração de suspensão que me agradasse, especialmente quando comparei a forma como anda e curva um Speed - que já agora vos digo é muito boa. Numa configuração suave arrasta-se antes de se tornar um pouco áspero em configurações mais rígidas, mas sem fornecer qualquer feedback significativo. De certa forma significa um passo em frente na Bentley, mas não é suficiente para revolucionar a marca da mesma forma que o original fez e isso pode vir a ter repercussões nas vendas. Estou ansioso por conduzi-lo um pouco mais para fazer uma reavaliação, mas as impressões iniciais sugerem que o cliente médio não encontrará no modelo as 70 mil libras que lhe vão pedir para entrar no novo modelo.
Então, o que aprendemos? A Bentley e a Rolls-Royce acabaram onde começaram. A Bentley voltou a Le Mans em 2003, alcançando um sexto título. O Continental é a pedra basilar da empresa e um cruiser trans-continental desportivo dominador que Woolf Bernato preferia. No entretanto, o Mulsanne passou mais uma vez a ser produzido segundo os padrões da Bentley e é uma alternativa credível aos seus rivais. Enquanto isso, a Rolls-Royce está de volta às suas raízes, com os motores V12 ultra-suaves a prevalecerem. O Phantom é um carro para se ser conduzido enquanto que o dono do Ghost pode optar por conduzi-lo ele próprio.
Devemos dar algum crédito à VW e à BMW. As marcas compreenderam as filosofias fundamentais por detrás das duas empresas e produziram uma série de carros que estão ligados a estas filosofias para alcançar um sucesso enorme. Aliviaram as preocupações financeiras e construíram ou desenvolveram fábricas de ponta. Que se prolongue por muito tempo.
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